09 outubro, 2009

A Era da Reprodutibilidade Técnica e a Cultura de Massa

Na “Era da Reprodutibilidade Técnica”, a reprodução das obras não é a novidade, mas sim as novas técnicas de reprodução que se expandiram, principalmente, com o advento da eletricidade no início do século XIX.
A eletricidade proporcionou uma aproximação entre sujeito e objeto, assim como as novas técnicas de reprodução aproximaram o observador e a obra, transformando os critérios que definiriam a arte na modernidade, por exemplo, o que antes era descrito como “valor de culto” por Walter Benjamin passa a ser o “valor de exposição”, ou seja, a autenticidade da obra está na exposição, nas diferentes relações que os sujeitos estabelecem ao entrarem em contato com a obra. Benjamin cita o cinema como a principal arte da modernidade por pressupor a exposição. O cinema não tem materialidade fora da exposição.
Marshall McLuhan, teórico da Escola de Toronto que enfatiza a dimensão material dos meios de comunicação, a gramática e a linguagem que estes impõem aos seus receptores, nos conta que a luz elétrica é pura informação por possibilitar aos indivíduos o acesso à informação. Assim, os meios de comunicação de massa não poderiam ter se desenvolvido em um contexto melhor: as novas técnicas de reprodução possibilitando a aproximação com o espectador, atingindo um público numeroso, disperso geograficamente e heterogêneo (massa), e o surgimento das novas tecnologias da comunicação ancoradas na eletricidade.
No texto “Rádio – O tambor tribal”, McLuhan diz que “o rádio provoca uma aceleração da informação que também se estende a outros meios” e que ainda “reduz o mundo a uma aldeia”, remetendo a seu conceito de “aldeia global”, onde o mundo estaria interconectado pelos meios de comunicação de massa. No entanto, ressalta que isso não seria um processo de homogeneização, pelo contrário, citando o caso da Índia, mostra que mesmo o rádio sendo o meio de comunicação suprema naquele país, a heterogeneidade lingüística prevalece. O autor se refere também à Alemanha de Hitler, cuja existência política só foi possível por meio do rádio, que disseminava os pensamentos nazi-fascistas, em uma tentativa de se produzir a homogeneidade e unificação de uma Alemanha destroçada pelos acontecimentos do início do século XX.
As tecnologias da comunicação, aliada a outros fatores, alteraram a percepção e recepção sensorial do sujeito moderno, estabelecendo novas relações entre tempo-espaço, conformando subjetividades e idiossincrasias.


Andressa Lacerda e Érika Xavier

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