A 'Era da eletricidade', como era chamada por McLuhan, foi a época em que os meios de comunicação passaram a se beneficiar da eletricidade para se propagar e se fazer presente ao grande público e, ao mesmo tempo, foi o período de 'transformação nas estruturas perceptivas' (Benjamin) da sociedade, seja por meio do cinema ou do rádio.
Enquanto Benjamin tinha uma preocupação em relação ao conteúdo criado e reproduzido pelos meios de comunicação, McLuhan estava mais preocupado em entender de que forma a tecnologia mudaria a nossa percepção de mundo, via nosso sistema nervoso central e como a era da eletricidade viria por possibilitar um incremento na nossa capacidade de apreender o conhecimento.
Benjamin em seu texto 'O Narrador', observa como a modernidade acabou, por meio dos romances escritos e pela literatura, com a figura do sábio (narrador), que tinha por característica ser um propagador de conhecimento pela tradição oral. Vale fazer um paralelo com o pensamento de McLuhan que faz uma associação da tribalidade com a recepção pelo rádio.
A oralidade parece resgatar ou libertar o que a escrita encarcerou, a experiência coletiva. Enquanto na época em que o rádio era o principal meio de comunicação de massa as pessoas se reuniam em volta dele (ou enquanto trabalhavam) para escutar novelas, reportagens e programas de auditório, a TV, assim como a literatura, criava uma sensação de isolamento onde havia a necessidade de se dar atenção exclusiva a algo previamente definido, formatado.
Pode-se perceber um certo paralelo entre a emissão do rádio e a narrativa (Benjamin), em que estes podiam ser recebidos e assimilados enquanto o receptor estava em movimento, seja no trabalho ou no artesanato. A diferença se dá no tipo de uso que se faz do rádio, que pode ser enquadrado como sendo de origem informativa, ou seja, contendo informações de interesse local com possibilidade de verificação imediata e de fácil compreensão, ou mais seguindo a linha narrativa de Benjamin, trazendo o saber que vem do longe espacial ou temporal.
Por João Fanara
16 outubro, 2009
O Rádio e a Narração - Walter Benjamin e McLuhan
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