A tecnologia da escrita contém características próprias e, em comparação com a oralidade, instaura uma nova situação comunicativa entre o autor e o leitor. Essa nova situação comunicativa possibilita noções de universalidade, verdade, racionalidade e história.
A escrita intercala um intervalo entre a emissão e a recepção da mensagem. Tal intervalo pode causar confusões no entendimento da mensagem, pois o discurso aparece separado da situação prática em que foi produzido. Enquanto na oralidade havia a possibilidade de interação no contexto para a formação de um hipertexto, na tecnologia da escrita isso se torna impossível, pois ocorre a eliminação da mediação humana no contexto. Essa mediação adaptava ou traduzia mensagens vindas de outro tempo ou lugar. A mensagem, portanto, tenta assumir um caráter universal, não depender de contexto.
Uma outra característica do discurso escrito é o fato de ser literal. Ele não se modifica com o passar do tempo, como acontece na tecnologia da oralidade. Seu caráter imutável é responsável por gerar um saber disponível, estocado, consultável, comparável. Essa disposição do saber torna possível um conceito de verdade independente dos sujeitos que a comunicam, pois a objetivação da memória separa o conhecimento da identidade pessoal ou coletiva.
Por fim, a partir da escrita, é possível ordenar em uma lista: os anos e as idades; as dinastias e os sonhos; os reinos e as eras. Sendo assim, a história é, também, um efeito da escrita.
Por Rodrigo Siqueira Moraes.
25 setembro, 2009
Considerações acerca da tecnologia da escrita.
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