25 setembro, 2009

A tecnologia da escrita e suas relações

A escrita, como tecnologia, suporta diferentes características dentro de suas limitações que a diferem de outras, tais como a oralidade.

Estudos antropológicos comprovam que os indivíduos de culturas escritas tendem a raciocinar de forma a dividir objetos por categorias, enquanto os de culturas orais dividem de acordo com sua situação de uso. Isso não significa que os oralistas são inferiores ou menos inteligentes, apenas têm outra forma de pensar.

Além disso, a escrita permite que a recepção dos discursos seja separada das circunstâncias particulares em que eles foram produzidos. Isso pode ser um obstáculo, já que gera a impossibilidade de interagir em um só contexto para construir um hipertexto comum. A cada geração, essa distância temporal entre autor e leitor só aumenta. Isso não acontece no caso da oralidade, já que nos contos, as histórias e ensinamentos são ajustados ao tempo de quem recebe a mensagem, de acordo com o contexto dessa época. Assim, a mensagem vai se modificando.

A partir daí, é importante observarmos que a comunicação puramente escrita acaba com a necessidade da mediação humana nas mensagens de outro tempo ou lugar. Assim, ela preserva a originalidade de uma produção. Então, o leitor tem a possibilidade de interpretações pessoais e até de reproduções, porém a obra a partir da qual essas reproduções foram feitas vai continuar intacta, passiva a outras leituras e interpretações. Com essa variação de interpretações, pode-se dizer que a mensagem não tem um valor ou sentido absoluto, dependendo sempre do contexto do receptor/leitor, que procurará uma verdade no que está escrito.

Falando da importância do surgimento da escrita nos âmbitos das idéias de universalidade, racionalidade e história, pode-se observar que sua contribuição para mudanças na maneira de pensar tais conceitos foi essencial. Essa tecnologia é uma condição necessária para o projeto racionalista, mas nem por isso é uma condição suficiente, ou seja, por si só não “alimentaria” esse projeto. Ao separar as mensagens entre produtor e receptor, acaba originando a ambição teórica e as pretensões, a universalidade. Para concluir, ainda surge a possibilidade da pesquisa de arquivos de outra época da maneira exata em que eles foram criados e assim, a possibilidade do nascimento da história como gênero literário. Segundo Pierre Levy, “a história é um efeito da escrita”.


Grupo: Caio Tibúrcio, Diogo Bardasson, Francisco Protasio, Matheus Marins, Rodrigo Freitas

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