Escrita e Oralidade

A escrita não substitui a oralidade, ela a complementa. Ela permite a fixação e o compartilhamento do pensamento. Com a escrita, é como se o pensamento estivesse disponível ao alcance de todos, para ser consultado por qualquer um a qualquer momento.

A escrita possui características inovadoras em relação à oralidade.
Uma das características que mais diferencia a escrita da oralidade é que não há uma relação direta entre quem envia e quem recebe a mensagem. Isso pode ser positivo se considerarmos o fato de dispensar a presença de quem produz o discurso para que a mensagem seja passada a diante, porém, esse fato também impede a interação entre quem emite e quem recebe. A escrita não permite, ou reduz a possibilidade de uma argumentação por parte de quem faz a leitura do texto.

A escrita afasta o discurso do espaço, do tempo e do contexto no qual esse foi produzido. Esse é um ponto que aproxima o discurso escrito da condição de legitimidade, da verdade e da razão. A igreja usou os textos bíblicos para dar legitimidade, o estado também usa a escrita para oficializar as coisas, o direito se utiliza de contratos escritos, datados e assinados como garantia da verdade. Sem a escrita não haveria o registro de datas, fatos históricos provavelmente se perderia com as gerações ou sofreriam mutações.

Fernando M. Benevides e João Fanara